Você sabe
diferenciar o amor da paixão? Pois saiba que, apesar das semelhanças, os sinais
de que alguém está apaixonado são bem diferentes de quem está amando. O amor,
normalmente, está relacionado a um sentimento bonito, estável e sereno,
enquanto a paixão é tida como arrebatadora, turbulenta e, muitas vezes,
sofrida.
Na paixão,
enxergamos no outro aquilo que desejamos que ele fosse, e não o que ele,
realmente, é. Ou seja, o parceiro é idealizado e transformado em um personagem.
Já, o amor estabelece um padrão mais homeostático. Vemos o outro com seus
defeitos e suas virtudes, de forma mais estática, e o amamos, mesmo sabendo que
ele não é perfeito, ou completo.
A palavra
"paixão" vem do termo grego Pathos, cujo conceito está relacionado a
sofrimento, a algo que nos invade, domina nossos pensamentos e nos faz sair do
nosso controle. Por outro lado, o amor é menos intenso, mais pacato, mais
confortável, mais controlável e menos temido.
Seria
difícil estabelecer qual dos dois sentimentos tem mais valor. No período
medieval, a paixão era considerada uma doença para a maioria das pessoas. Já,
para os românticos era uma forma, talvez a única, de se relacionar,
amorosamente.
Algumas
pesquisas empíricas sustentam que a paixão duraria algo em torno de seis meses.
No entanto, penso que determinar um tempo cronológico, específico, para a
paixão seja como cercear as narrativas individuais, que são únicas e
particulares. O amor parece ter uma vida mais longa. Para Nelson Rodrigues,
"todo amor é eterno; se morreu, não era amor".
Para a
paixão se transformar em amor, primeiramente, ocorre uma quebra da fantasia,
criada em relação ao parceiro, que deixa de ser uma projeção e passa,
lentamente, a ser visto como ele é. Neste processo há, naturalmente, uma perda
afetiva imaginária, já que o ideal de perfeição primário dá lugar ao que é
real. Assim que houver a aceitação desse processo e o surgimento de uma nova
forma de identificação, o amor passa a existir.
Em suma,
amor e paixão são estados que se parecem, mas, no fundo, são bem distintos e
não se camuflam. São sentimentos em estágios diferentes e que manifestam
sensações e reações que, muitas vezes, são desconhecidas por nós mesmos!Por Dr
Fábio Roesler, Psicólogo e Neuropsicólogo da Clínica de Cefaleia e Neurologia
"Dr Edgard Raffaeli", com especialização em Neurofeedback pela INBIO
(Instituto Nacional de Biofeedback) e coautor do livro "Personagens ou
Pacientes?", da Editora ARTMED
flaviavghiurghi@hotmail.com
- flaviaghiurghi@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário